Agência Parceira: RGB Comunicação

BRASIL É SÓ UM MAPA VAZIO NA PAREDE?

O passado vive em nós. Por mais que procuremos negar, e os livros de auto-ajuda preguem que a vida é hoje. Sim, a vida é hoje; amanhã é o incerto, mas o que seria de nós se não tivéssemos referência do que já fomos ou vivemos? Um imenso deserto, um abismo, uma escuridão. O tempo renova, ameniza, mas não remove.

O tempo, o passado e o futuro. Eis aqui um assunto delicado se levarmos essa tríade para o lado político, para o paradoxo que se instalou na nossa sociedade praticamente dividida entre as chamadas – equivocadamente, penso – ideologias de esquerda e de direita. Até bem pouco tempo, quase não se enxergava e nem se falava nessa dicotomia. Sem entrar na seara dos julgamentos políticos – quem fez, quem não fez ou quem afundou o Brasil, é triste perceber que faltam argumentos concretos, diálogo e discernimento. E , sobretudo, cobrança! Estamos agindo como se o Brasil fosse um brinquedo de tijolinhos, aqueles antigos, de madeira, chamados educativos, que se pode mover a qualquer momento para um lado, para outro, para cima para baixo ou simplesmente, como as crianças fazem com o castelo de areia, derrubar de uma vez.

A insegurança ameaça cada vez que uma notícia é publicada ou a cada declaração de ministros e governantes. O que valia ontem, não vale hoje. E o que valerá amanhã? Se o Brasil oscilava com as rédeas soltas, a esperança era que alguém alcançasse e retomasse essas rédeas. Foram quase 58 milhões de votos, um número que não se pode ignorar a importância. Precisamos de foco, de direção, de medidas capazes de beneficiar a todos e não nos submetermos a viver de fofocas e miudezas, de conversinhas de mesa de boteco. Uma das últimas notícias estampadas em um grande jornal fala de um parente do presidente, assessor de um deputado, cuja função atual é “ cruzar dados abertos da estrutura federal nos Estados com notícias de jornais e de colunas, para tentar identificar a quem o servidor comissionado está ligado”. O que quer dizer isso? Ele viaja para vários estados com a tarefa de “detectar” servidores ligados a partidos de esquerda. Quer fazer uma faxina ideológica, seja lá o que isso signifique nessa altura do desmoronamento político brasileiro. Uma tarefa parecida, muito próxima das que vigoraram no passado recente no país – em termos históricos -  e deveriam envergonhar quem delas participou. E quem é ele? Um primo dos meninos do presidente. Perseguição outra vez, não, o Brasil não merece. 

Esse fato é apenas uma pontinha de areia no grande deserto, por enquanto sem nenhum oásis à vista. A lista é longa. A continuar relegando as prioridades a plano nenhum, com esse tempo presente em desconstrução, como se o Brasil fosse apenas um mapa vazio na parede, o que esperamos para as próximas gerações? Mora gente nesse mapa, tem fome, esgoto a céu aberto, imposto aviltante, crimes hediondos, exploração infantil, casas despencando dos morros, tráfico, doentes jogados nos corredores de hospitais... a lista também é longa.